Rotação e inflexão
Inês Botelho e Diogo Alvim
2 – 18 de Dezembro de 2010
Desde 1997, quando cantávamos juntos no Coro da Universidade de Lisboa e estudávamos Artes Plásticas e Arquitectura, informalmente discutíamos e trocávamos bibliografia sobre as relações entre Arquitectura e Música/ Espaço e Som.
Nos anos seguintes acompanhámos com interesse o trabalho um do outro. Decidimos em Junho passado retomar as discussões iniciais com a possibilidade destas gerarem uma intersecção concreta das práticas de escultura e composição sonora. Estas sessões tornaram-se semanais a partir de Outubro. Iniciámos a nossa investigação abordando questões elementares da Física respeitantes ao Espaço e ao Som.
Um som é um fenómeno que existe apenas na nossa percepção quando presenciamos uma vibração entre 20 e 20,000 Hz (ciclos por segundo). Estes limites relacionam-se apenas com o nosso aparelho auditivo. Todas as vibrações de frequência superior ou inferior são imperceptíveis como som.
Sons muito agudos (> 20KHz) são inaudíveis. Essas vibrações são da ordem de uma micro-harmonia patente na vibração dos corpos microscópicos desde a rotação dos electrões dos átomos até vibrações das super-cordas. Por outro lado, as frequências sub-audio (< 20Hz) são na verdade sentidas como ritmos, pulsação ou impulsos de periodicidade regular. Mas a uma escala ainda maior, a Harmonia das Esferas é a relação harmónica dos ciclos de rotação dos astros à escala cósmica (macro-harmonia). O ritmo do movimento da Terra, por exemplo, não nos é perceptível auditivamente, mas sim como ciclos que compreendemos por conceitos espaciais através da geometria e, dum modo muito directo, no movimento do sol ao longo do dia com consequentes sombras e cores nos corpos que ocupam o nosso espaço.
Uma oitava consiste num intervalo entre dois sons em que um tem o dobro da frequência do outro. Assim, um Lá (110Hz) tem metade da frequência do Lá uma oitava acima (220Hz). Podemos então estabelecer a frequência de todos os sons relacionados à oitava do seguinte modo:
Som1= xHz; 1oitª acima=2xHz; 2oitª acima= 4xHz; 3oitª acima= 8xHz; 4oitª acima= 16xHz, etc.
A mesma relação de proporções verifica-se na simples situação espacial que é a queda de um objecto segundo a lei da gravidade de Newton, que sofre uma aceleração em que, para o mesmo intervalo de tempo o objecto percorre o dobro da distância imediatamente anterior:
t (duração no 1º momento)= d (distância); t (no 2º momento)= 2d; t(3º)=4d; t(4º)=8d; t(5º)=16d etc.
Este é um exemplo da relação entre fenómenos espaciais e sonoros que estão na base da nossa reflexão e investigação. A melhor forma de descrever as experiências que estamos a realizar ou em vias de o fazer (fase preliminar à concretização de peças concretas) é a apresentação directa de alguns dos registos produzidos.
Este projecto tem o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Nos anos seguintes acompanhámos com interesse o trabalho um do outro. Decidimos em Junho passado retomar as discussões iniciais com a possibilidade destas gerarem uma intersecção concreta das práticas de escultura e composição sonora. Estas sessões tornaram-se semanais a partir de Outubro. Iniciámos a nossa investigação abordando questões elementares da Física respeitantes ao Espaço e ao Som.
Um som é um fenómeno que existe apenas na nossa percepção quando presenciamos uma vibração entre 20 e 20,000 Hz (ciclos por segundo). Estes limites relacionam-se apenas com o nosso aparelho auditivo. Todas as vibrações de frequência superior ou inferior são imperceptíveis como som.
Sons muito agudos (> 20KHz) são inaudíveis. Essas vibrações são da ordem de uma micro-harmonia patente na vibração dos corpos microscópicos desde a rotação dos electrões dos átomos até vibrações das super-cordas. Por outro lado, as frequências sub-audio (< 20Hz) são na verdade sentidas como ritmos, pulsação ou impulsos de periodicidade regular. Mas a uma escala ainda maior, a Harmonia das Esferas é a relação harmónica dos ciclos de rotação dos astros à escala cósmica (macro-harmonia). O ritmo do movimento da Terra, por exemplo, não nos é perceptível auditivamente, mas sim como ciclos que compreendemos por conceitos espaciais através da geometria e, dum modo muito directo, no movimento do sol ao longo do dia com consequentes sombras e cores nos corpos que ocupam o nosso espaço.
Uma oitava consiste num intervalo entre dois sons em que um tem o dobro da frequência do outro. Assim, um Lá (110Hz) tem metade da frequência do Lá uma oitava acima (220Hz). Podemos então estabelecer a frequência de todos os sons relacionados à oitava do seguinte modo:
Som1= xHz; 1oitª acima=2xHz; 2oitª acima= 4xHz; 3oitª acima= 8xHz; 4oitª acima= 16xHz, etc.
A mesma relação de proporções verifica-se na simples situação espacial que é a queda de um objecto segundo a lei da gravidade de Newton, que sofre uma aceleração em que, para o mesmo intervalo de tempo o objecto percorre o dobro da distância imediatamente anterior:
t (duração no 1º momento)= d (distância); t (no 2º momento)= 2d; t(3º)=4d; t(4º)=8d; t(5º)=16d etc.
Este é um exemplo da relação entre fenómenos espaciais e sonoros que estão na base da nossa reflexão e investigação. A melhor forma de descrever as experiências que estamos a realizar ou em vias de o fazer (fase preliminar à concretização de peças concretas) é a apresentação directa de alguns dos registos produzidos.
Este projecto tem o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian.