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A SINGULARIDADE DO
MÚLTIPLO
Martinha Maia, Marta Wengorovius, Sara Yan, Susana Gaudêncio, Carlos Farinha, João Pedro Silva
(Para mais informações sobre os artistas clique sobre os seus nomes)
Comissariado: Teresa Carneiro
3 de Janeiro – 23 de Março de 2012
Martinha Maia, Marta Wengorovius, Sara Yan, Susana Gaudêncio, Carlos Farinha, João Pedro Silva
(Para mais informações sobre os artistas clique sobre os seus nomes)
Comissariado: Teresa Carneiro
3 de Janeiro – 23 de Março de 2012
A Singularidade do Múltiplo é um evento que decorre no âmbito do Interferências – Mostra Pública de Arte, organizado pela Associação Número Arte e Cultura em parceria com o Espaços do Desenho e desenvolvido em co-produção com o Centro Português de Serigrafia, a Galeria Corrente d’Arte e o Metropolitano de Lisboa. Durante este evento os artistas tiveram como ponto de partida a possibilidade de produzir uma série de múltiplos através dos processos de gravura e/ou serigrafia nas oficinas do Centro Português de Serigrafia e, a partir daí, explorar as possibilidades de singularidade de cada múltiplo através da intervenção directa ou indirecta em cada desenho. Este trabalho foi desenvolvido através de duas residências artísticas que decorreram em simultâneo no Centro Português de Serigrafia e na Galeria Corrente d’ Arte. As séries de desenhos produzidas pelos artistas estarão em exposição na Galeria Corrente d’Arte durante o mês de Fevereiro de 2012, e em Março de 2012 entrarão em circulação nas carruagens do Metropolitano de Lisboa, que para o efeito serão apropriadas como galerias para mostras individuais dos trabalhos de cada artista. Em simultâneo, também no mês de Março, estarão em exposição em ‘lugares perdidos’ nas estações do Metropolitano de Lisboa um conjunto de intervenções produzidas por cada um destes artistas.
“Para o Centro Português de Serigrafia a participação neste projecto faz todo o sentido. Há nele uma tripla sintonia com a linha instituída para o CPS: proximidade da obra de arte ao público fruidor; valorização do múltiplo de arte, reforçando a importância da sua singularidade e utilização do experiente Atelier CPS de serigrafia e gravura enquanto espaço criativo de partilha com os artistas.” João Prates, Centro Português de Serigrafia
“Para o Centro Português de Serigrafia a participação neste projecto faz todo o sentido. Há nele uma tripla sintonia com a linha instituída para o CPS: proximidade da obra de arte ao público fruidor; valorização do múltiplo de arte, reforçando a importância da sua singularidade e utilização do experiente Atelier CPS de serigrafia e gravura enquanto espaço criativo de partilha com os artistas.” João Prates, Centro Português de Serigrafia
Imagens das residências, inauguração e exposição no Centro Português de Serigrafia e na Corrente D'arte (clique sobre o link)
Imagens da Mostra nas carruagens do Metropolitano de Lisboa (clique sobre o link)
Imagens das intervenções nas estações de Metro de Lisboa (clique sobre o link)
Imagens da Mostra nas carruagens do Metropolitano de Lisboa (clique sobre o link)
Imagens das intervenções nas estações de Metro de Lisboa (clique sobre o link)
A SINGULARIDADE DO MÚLTIPLO
Sara Yan apresenta um conjunto de subtis variações de traços, pontos, linhas que fluem (assumindo a àgua como metáfora dessa impermanência) e que se distinguem em pequenos movimentos que variam autonomamente, enquanto ‘expõem’ múltiplas presenças que criam um tempo e espaço para um lugar do desenho (ou do acto de desenhar) que não é mais do que aquele que expõe o ‘estar’ de cada desenho. A exposição de cada acto/tempo do desenho revela-se por um lado como possibilidade de presença singular que tem no entanto origem num tempo e espaço evocados pela necessária co-existência de pequenos movimentos (do desenho, da vida?) que a todo o momento se distinguem e aproximam.
Martinha Maia propõe um conjunto de desenhos a que chama ‘caderno de impressões’, que talvez se possam dizer intimistas pois abrem um espaço de ‘liberdade sensível’ onde se investiga o sentir e o ouvir, de desenho para desenho, pela artista, mas também por quem os experencia enquanto observador. Em cada desenho e na multiplicidade da ‘série de impressões’, este trabalho expõe um conjunto de possíveis variações ínfimas, íntimas mas distintas que se criam a partir de um posicionamento consciente e intencional da artista, que é assumido logo de início numa co-existência com qualquer observador que na sua singularidade é convidado a experienciar cada desenho, sentindo-o e escutando-o.
Susana Gaudêncio descreve este trabalho como um ‘conjunto de impressões [onde] explora os princípios de sedimentação e transporte das formas.’ A apropriação de iconografias já familiares ao seu trabalho revela desde logo uma simultânea aproximação e distanciamento dessa origem (das iconografias como ‘iconografias’ e das suas formas), que se evidencia aqui como lugar de potência na produção desta série de desenhos. As apropriações em trabalhos anteriores dos ‘originais’ dessas iconografias pela artista e a série que aqui se desenvolve são sem dúvida distintos, mas é nessa mesma distinção que se constitui uma relação de abertura fulcral num tempo e espaço alargado, para além de um antes, um agora e um depois, onde se reconfigura ‘de novo’, singularmente, cada apropriação de (pré)apropriações dessas formas que a dado momento se tornaram iconográficas. E cada vez que o acto de apropriação se repete numa nova possibilidade (que se constitui a partir da própria artista), cada repetição singular de uma (re)apropriação revela-se num movimento de aproximação e afastamento dessas ressonâncias iconográfica, que cria uma relação de abertura de um ‘espaço entre’ um espaço e um tempo ampliados a novas ressonâncias do aqui e do agora, que nesse sentido tanto se libertam como retornam às origens (pré)iconográficas.
João Pedro Silva propõe uma série de desenhos intitulada ‘Ressonâncias’. Partem de uma espécie de diálogo entre um objecto reconhecível como rígido, e de fácil reprodução – segundo as nomeadas formas primordiais, uma circunferência opaca, ou ponto - e elementos de expressão mais livre, e de difícil reprodução – ‘reconhecíveis’ no desenho como linhas ou traços de intervenção directa e/ou indirecta. Este ‘reconhecimento’ estabelece ressonâncias a partir do momento em que o artista articula elementos que ecoam memórias e modos de representação específicos. Por outro lado, a partir do tempo e espaço dos momentos históricos de atribuição desses nomes e funções aos elementos, dá-se um alargamento para um ‘espaço entre’ esse tempo e espaço, que o artista cria enquanto estabelece de desenho para desenho uma abertura à possibilidade de des-identificação dessas referências e possíveis tensões por elas geradas, dando lugar à re-invenção de novas articulações, talvez por vezes sem nome ou tensão. À medida que estes desenhos se des-multiplicam em inúmeras possibilidades de combinações e articulações, a relação entre eles torna-se mais livre, evidenciando ritmos e movimentos que apelam a outras ressonâncias, possivelmente poéticas, musicais, etc.
Marta Wengorovius explora uma série de desenhos-gravura que, segunda a artista, são ‘um quase monocromo escuro, que poderá sugerir a obscuridade nocturna (…).’ Estes desenhos são realizados a partir de variações cromáticas quase imperceptíveis, e acompanhados, cada qual, de um texto-instrução propondo ao observador ‘uma relação particular com a obra, consigo mesmo ou com o mundo’. Também estes textos se constituem a partir de variações subtis entre cada instrução, múltiplas na sua abertura ao infinito de possibilidades, singulares, no modo como propõem ao observador uma pequena variação para um novo posicionamento de relação com a obra, consigo e com o mundo.
Como um todo, a série constitui-se num conjunto de quase imperceptíveis nuances cromáticas e textuais que se abrem a um tempo e a um espaço de uma multiplicidade de possíveis relações cuja experiência de co-existência só pode no entanto ter lugar de desenho para desenho, de modo singular.
Carlos Farinha explora uma série de desenhos onde repete insistentemente o mesmo conjunto de personagens dentro de uma carruagem do metropolitano de lisboa, enfantizando umas vezes olhares, e de outras, gestos e movimentos, como elementos particulares a cada personagem; de outras vezes ainda é evocada a claustrofóbica presença de corpos apertados num espaço aparentemente reduzido, apelando a uma empatia de desconforto pela impossibilidade de um ‘estar’ mais livremente singular e autónomo. A repetição e variações nos desenhos parece por isso ir para além do simulacro, ou mesmo das imagens-espelho. A abordagem intencionalmente kitsch aos desenhos é talvez o elemento promotor desse distanciamento, resistindo à identificação de uma representação ou recriação de um momento ou situação real de personagens no metro (num determinado tempo e espaço). O kitsch revela-se por outro lado como elemento de aproximação, já que a situação claramente ‘fictícia’ exposta nos desenhos parece apelar para uma consciência de presença (real) de um potencial observador no metro, no tempo-espaço particular ao seu próprio trajecto, apelando ainda à sua co-presença com os outros transeuntes do metro num tempo-espaço partilhado, ainda que somente numa porção de tempo e espaço correspondentes a um limitado trajecto.
Teresa Carneiro, Espaços do Desenho
Martinha Maia propõe um conjunto de desenhos a que chama ‘caderno de impressões’, que talvez se possam dizer intimistas pois abrem um espaço de ‘liberdade sensível’ onde se investiga o sentir e o ouvir, de desenho para desenho, pela artista, mas também por quem os experencia enquanto observador. Em cada desenho e na multiplicidade da ‘série de impressões’, este trabalho expõe um conjunto de possíveis variações ínfimas, íntimas mas distintas que se criam a partir de um posicionamento consciente e intencional da artista, que é assumido logo de início numa co-existência com qualquer observador que na sua singularidade é convidado a experienciar cada desenho, sentindo-o e escutando-o.
Susana Gaudêncio descreve este trabalho como um ‘conjunto de impressões [onde] explora os princípios de sedimentação e transporte das formas.’ A apropriação de iconografias já familiares ao seu trabalho revela desde logo uma simultânea aproximação e distanciamento dessa origem (das iconografias como ‘iconografias’ e das suas formas), que se evidencia aqui como lugar de potência na produção desta série de desenhos. As apropriações em trabalhos anteriores dos ‘originais’ dessas iconografias pela artista e a série que aqui se desenvolve são sem dúvida distintos, mas é nessa mesma distinção que se constitui uma relação de abertura fulcral num tempo e espaço alargado, para além de um antes, um agora e um depois, onde se reconfigura ‘de novo’, singularmente, cada apropriação de (pré)apropriações dessas formas que a dado momento se tornaram iconográficas. E cada vez que o acto de apropriação se repete numa nova possibilidade (que se constitui a partir da própria artista), cada repetição singular de uma (re)apropriação revela-se num movimento de aproximação e afastamento dessas ressonâncias iconográfica, que cria uma relação de abertura de um ‘espaço entre’ um espaço e um tempo ampliados a novas ressonâncias do aqui e do agora, que nesse sentido tanto se libertam como retornam às origens (pré)iconográficas.
João Pedro Silva propõe uma série de desenhos intitulada ‘Ressonâncias’. Partem de uma espécie de diálogo entre um objecto reconhecível como rígido, e de fácil reprodução – segundo as nomeadas formas primordiais, uma circunferência opaca, ou ponto - e elementos de expressão mais livre, e de difícil reprodução – ‘reconhecíveis’ no desenho como linhas ou traços de intervenção directa e/ou indirecta. Este ‘reconhecimento’ estabelece ressonâncias a partir do momento em que o artista articula elementos que ecoam memórias e modos de representação específicos. Por outro lado, a partir do tempo e espaço dos momentos históricos de atribuição desses nomes e funções aos elementos, dá-se um alargamento para um ‘espaço entre’ esse tempo e espaço, que o artista cria enquanto estabelece de desenho para desenho uma abertura à possibilidade de des-identificação dessas referências e possíveis tensões por elas geradas, dando lugar à re-invenção de novas articulações, talvez por vezes sem nome ou tensão. À medida que estes desenhos se des-multiplicam em inúmeras possibilidades de combinações e articulações, a relação entre eles torna-se mais livre, evidenciando ritmos e movimentos que apelam a outras ressonâncias, possivelmente poéticas, musicais, etc.
Marta Wengorovius explora uma série de desenhos-gravura que, segunda a artista, são ‘um quase monocromo escuro, que poderá sugerir a obscuridade nocturna (…).’ Estes desenhos são realizados a partir de variações cromáticas quase imperceptíveis, e acompanhados, cada qual, de um texto-instrução propondo ao observador ‘uma relação particular com a obra, consigo mesmo ou com o mundo’. Também estes textos se constituem a partir de variações subtis entre cada instrução, múltiplas na sua abertura ao infinito de possibilidades, singulares, no modo como propõem ao observador uma pequena variação para um novo posicionamento de relação com a obra, consigo e com o mundo.
Como um todo, a série constitui-se num conjunto de quase imperceptíveis nuances cromáticas e textuais que se abrem a um tempo e a um espaço de uma multiplicidade de possíveis relações cuja experiência de co-existência só pode no entanto ter lugar de desenho para desenho, de modo singular.
Carlos Farinha explora uma série de desenhos onde repete insistentemente o mesmo conjunto de personagens dentro de uma carruagem do metropolitano de lisboa, enfantizando umas vezes olhares, e de outras, gestos e movimentos, como elementos particulares a cada personagem; de outras vezes ainda é evocada a claustrofóbica presença de corpos apertados num espaço aparentemente reduzido, apelando a uma empatia de desconforto pela impossibilidade de um ‘estar’ mais livremente singular e autónomo. A repetição e variações nos desenhos parece por isso ir para além do simulacro, ou mesmo das imagens-espelho. A abordagem intencionalmente kitsch aos desenhos é talvez o elemento promotor desse distanciamento, resistindo à identificação de uma representação ou recriação de um momento ou situação real de personagens no metro (num determinado tempo e espaço). O kitsch revela-se por outro lado como elemento de aproximação, já que a situação claramente ‘fictícia’ exposta nos desenhos parece apelar para uma consciência de presença (real) de um potencial observador no metro, no tempo-espaço particular ao seu próprio trajecto, apelando ainda à sua co-presença com os outros transeuntes do metro num tempo-espaço partilhado, ainda que somente numa porção de tempo e espaço correspondentes a um limitado trajecto.
Teresa Carneiro, Espaços do Desenho
INTERFERÊNCIAS – MOSTRA PÚBLICA DE ARTE é uma intromissão no quotidiano da população dos centros urbanos. Pretende levar ao grande público arte contemporânea através da apropriação de espaços públicos / “não-lugares” e meios associados à comunicação de massas. Os seus eventos assumem, por isso, um carácter generalista, gratuito e massivo. http://www.interferencias.org/
Organização:
Número – Arte e Cultura: http://www.interferencias.org/
Espaços do Desenho: www.drawingspaces.com
Co-produção:
Metropolitano de Lisboa
Centro Português de Serigrafia
Galeria Corrente de Arte
Financiamento:
Governo Português / Secretário de Estado da Cultura – DGArtes
Apoios:
Força Motriz
Quinta da Aveleda/ Casal Garcia: www.facebook.com/casalgarcia
Parceiro de comunicação
Trienal Movimento Desenho 2012
Imagens
André Cunha e Silva: www.andresilvaphoto.com