Os desenhadores desenham-se
Ana Leonor M. Rodrigues, James Faure Walker, Pedro Saraiva
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P2 – duplicado
Participantes convidados e público
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Conversa com os artistas
Com a intervenção de Maria João Gamito
3 – 20 de Fevereiro 2010
Os desenhadores desenham-se
Durante 10 dias, três artistas plásticos desenham-se, retratam-se obsessivamente uns aos outros.
Os modos de registo são variados, mas directa ou indirectamente referidos ao desenho.
Aos grupos de estudantes/visitantes é proposto que desenhem os desenhadores, estabelecendo a possibilidade de dois percursos paralelos, o dos desenhadores/modelos e o dos desenhadores estudantes/visitantes.
Além dos métodos tradicionais do desenho, serão ainda utilizados registos/desenhos através da fotografia, transposições, manipulações digitais, registos/desenhos através do vídeo.
Propõe-se que exista uma diferença clara entre os formatos do suporte dos visitantes e dos residentes, de modo a clarificar os dois percursos.
Ana Leonor Madeira Rodrigues
O desenhador é habitualmente alguém que observa e que nessa acção de observar, se ausenta da realidade que está perante os seus olhos.
Embora não seja uma constatação absoluta, é verdadeira em muitas circunstancias, e eu, quando olho e desenho, embora transporte muito de mim nesses desenhos raramente sou objecto da minha observação.
Neste projecto eu e dois amigos, Pedro Saraiva e James Faure-Walker, decidimos fazer coincidir numa acção o acto de observar e o de ser observado. Assim, durante dez dias obrigamo-nos a desenhar e a ser modelos uns dos outros.
Esta acção remete directamente para a relação entre o desenhador e o modelo, subvertendo o lugar dos dois numa permuta constante em que ninguém é só modelo ou só desenhador.
Tendo consciência que hoje é comum estabelecer os parâmetros de um trabalho artístico através de uma espécie de guião, aquilo que me proponho fazer é, no entanto, colocar-me durante alguns dias diante de uma resma de papel com um lápis na mão e duas pessoas de quem eu gosto a desenhar e que desenham comigo; um mergulho de prazer no desenho.
A ideia é desenhar, desenhar, desenhar e quem quiser visitar-nos/acompanhar-nos poderá seguir a mesma ideia e desenhar com a mesma obsessão (e prazer).
James Faure Walker
A minha proposta de intervenção neste projecto é a de observar e desenhar os meus dois colegas tambem observando e desenhando no espaço. Inicialmente desenharei sobre papel com uma caneta normal ou de feltro ou com aguarela. É possível que realize desenhos de larga escala. Tentarei identificar e registar os movimentos mais característicos dos meus colegas, como por exemplo, a repetição/movimentos das posições das mãos, e depois, tentarei incorporar estes desenhos num dos programas digitais com que normalmente trabalho - Painter, Illustrator, Photoshop. A realização e desenvolvimento dos meus desenhos digitais será simultaneamente projectada numa parede. Esta projecção dar-me-à ainda a oportunidade de voltar a transcrever a imagem projectada num papel, fotografando-a, por ex., e reintegrando-a no programa digital, podendo assim voltar a trabalhá-la nesse formato. Este processo poderá ainda passar pelo uso de impressões das imagens que se forem criando. James Faure Walker
Pedro Saraiva
VI(R)VER O ESPAÇO DO DESENHO
Do espaço
Três espaços rectangulares de paredes brancas.
Espaço de encontros, espaço de pensar, de escrever e descrever o rosto, a memória e o corpo em modos diferenciados de registo.
Do tempo
Três semanas, três horas diárias de Fevereiro, tempo de partilhas e experiências de três actores e diversos espectadores.
Do físico
A parede, o chão, a mesa, o branco, o banco, o papel, a caneta, o lápis, o pincel, a tinta, o pano, o computador, a máquina fotográfica, a impressora, a mão, o corpo…
… e com estes elementos decorre e percorre o projecto.
CVs