IMPERMANÊNCIAS
Daniel Barroca, Daniel Melim, Martinha Maia, Raquel Feliciano,
Sílvia Simões e Susana Gaudêncio
Novembro de 2010
Daniel Barroca, Daniel Melim, Martinha Maia, Raquel Feliciano,
Sílvia Simões e Susana Gaudêncio
Novembro de 2010
IMPERMANÊNCIAS é um projecto realizado em parceria com o FESTIVAL INTERFERÊNCIAS que se vai articular entre dois tempos e espaços distintos: uma residência artística, aberta ao público, a decorrer no Espaços do Desenho (Fábrica Braço de Prata), entre os dias 3 e 14 de Novembro, de quarta-feira a domingo, das 19h às 23h, com inauguração a 13 de Novembro às 21.30h; e uma exposição de desenho a decorrer em 6 carruagens do Metropolitano de Lisboa convertidas em galerias, onde estarão patentes 6 exposições individuais, entre os dias 13 e 30 de Novembro, durante o período de circulação do Metropolitano. Os artistas participantes são: Daniel Barroca, Daniel Melim, Martinha Maia, Raquel Feliciano, Sílvia Simões e Susana Gaudêncio.
Em Le Plaisir au dessin[1] Jean Luc Nancy argumenta que desenho é ‘abertura de forma’, identificando-lhe ainda duas direcções: ‘uma primeira na qual o desenho evoca mais o gesto desenhado do que a figura traçada; e uma segunda, que surge a partir da primeira, e que identifica uma não-totalização da forma’. A evidência destes valores em potência no desenho é talvez mais imediatamente identificável pela sua economia de meios que lhe confere uma certa fragilidadade a partir da qual se identifica tambem o desenho como materialização do tal ‘gesto desenhado’, gesto em potência, de uma acção ou movimento. E é nessa relação do desenho como evidência de uma produtividade, de um movimento de um fazer específico, ou seja, de uma maneira de fazer, que surge o projecto IMPERMANÊNCIAS em que o desenho é dado a conhecer como proposta de um espaço e/ou estado (tempo) de especulação sobre maneiras de fazer que, nesse sentido, apontam para uma certa resistência à ‘totalização da forma.’ E é nesse estado tambem que se pretende que o espectador vá ao encontro do desenho, nessa situação que torna presente esse relação espaço-tempo em aberto onde essas ‘maneiras de fazer’ convidam a uma maior intimidade com o espectador, propondo ainda esse espaço-tempo como lugar de presença mútua.
Se por um lado, durante a residência cada artista irá negociando e materializando a evidência dessa produtividade durante o desenrolar do seu trabalho, apontando e revelando gestos que especulam, possibilidades de estados ou formas, modos de pensar que se revelam como modos de fazer específicos; por outro lado, nas carruagens do Metropolitano tornadas galerias, a questão da impermanência ainda se torna mais óbvia, dado que o espaço expositivo é um lugar de circulação não fixo, onde para além do movimento físico e temporal do espaço expositivo e dos trabalhos, tambem o espectador, que neste caso não aparece na posição de espectador mas de viajante, vai ao encontro dos desenhos ao acaso, e nesse confronto partilha um espaço onde se dá de facto uma abertura a uma relação atípitca em movimento, caracterizada por vários estados de impermanência. As carruagem do Metropolitano que não são assumidas institucionalmente como locais expositivos, mas como espaço de circulação e não de contemplação, e onde ainda assim se propõe aqui este confronto; um permanente estado de itinerância do espaço expositivo e dos próprios trabalhos que lhes preserva uma presença ‘em movimento’; o espaço transformado no interior da carruagem-galeria cujos desenhos poderão estabelecer ou potenciar os tais possíveis encontros atípicos com os viajantes, dentro dos limites dos seus tempos e espaços de circulação.
Daniel Barroca propõe pequenos textos que confrontam ‘um observador que não decidiu ir ao encontro da obra mas que por acaso a encontra’; Daniel Melim propõe uma colectiva fictícia, através de uma série de cartazes que ‘acordam a atenção para determinados pormenores urbanos conferindo-lhes um potencial estético mas tambem crítico;’ Martinha Maia insiste no uso da ‘máteria para a impressão e repetição de um gesto no desenho como primeira forma de consciência’; Raquel Feliciano propõe um conjunto de aguarelas inspiradas no cinanómetro (instrumento inventado no séc. XVIII por De Sassurre para medir a intensidade do azul do céu) que desenham um espectro do azul do céu, ou, como refere a artista – do ‘ar infinito;’ Colocando uma problemática em torno do conceito ‘impermanências’ versus ‘permanências’, Sílvia Simões usa conceitos como ‘resistência,’ ‘comparência,’ ‘transferência,’ ‘incongruência,’ ‘persistência’ e ‘irreverência’, para abrir o seu trabalho a um campo de ‘ampliações, ecos e contaminações que provocam um desvio da chegada cujo resultado só se esgota no tempo de realização;’ Susana Gaudêncio mapeia um conjunto de pensamentos utópicos num trabalho que intitula de Câmara de invenções propondo estabelecer ‘uma analogia entre o processo imaginado de novas utopias através de um método de acumulação, sobreposição e alteração de informação.’
Teresa Carneiro
[1] Nancy, Jean-Luc (2007), Le plaisir au dessin, Paris: Éditions Hazan e Lyon: Musée de Beaux-Art de Lyon
FESTIVAL INTERFERÊNCIAS
A partir deste mês de Novembro a cidade de Lisboa acolhe a primeira edição do INTERFERÊNCIAS – Mostra Pública de Arte, uma intromissão no quotidiano da população, que pretende levar ao grande público arte contemporânea através da apropriação de espaços públicos / “não-lugares “ e meios associados à comunicação de massas. O evento assume, por isso, um carácter generalista, gratuito e massivo.
A iniciativa envolve os interfaces de transportes públicos e as estações de Metro, mupis e outdoors das cidades. Os centros comerciais, parques de estacionamento e páginas de jornais são acções previstas para a segunda edição.
INTERFERÊNCIAS apresenta uma programação que, para além de uma mostra de videoarte no
circuito televisivo MOP TV (Metropolitano de Lisboa), inclui um vasto conjunto de intervenções artísticas de que fazem partem, entre outras, uma grande exposição colectiva de artes visuais (fotografia e desenho) patente em outdoors e mupis, com alguns dos mais destacados artistas plásticos e com comissariado a cargo de Teresa Carneiro (Espaços do Desenho – Fábrica Braço de Prata) e Valter Vinagre (Kameraphoto – http://www.kameraphoto.com). Destaque ainda para uma exposição de ilustração patente no Município de Lisboa, em co-produção com a revista digital online Magnética Magazine.
INTERFERÊNCIAS é uma iniciativa da Associação Número – Arte e Cultura com a Associação P28, e conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, Metropolitano de Lisboa, Multimédia Outdoors Portugal, Universidade Lusíada, BES Arte & Finança, EPSON, Pampero, Magnética Magazine, Don’t Panic, Espaços do Desenho e Kameraphoto.
www.interferencias.org
www.28comunicacao.com
CVs
Em Le Plaisir au dessin[1] Jean Luc Nancy argumenta que desenho é ‘abertura de forma’, identificando-lhe ainda duas direcções: ‘uma primeira na qual o desenho evoca mais o gesto desenhado do que a figura traçada; e uma segunda, que surge a partir da primeira, e que identifica uma não-totalização da forma’. A evidência destes valores em potência no desenho é talvez mais imediatamente identificável pela sua economia de meios que lhe confere uma certa fragilidadade a partir da qual se identifica tambem o desenho como materialização do tal ‘gesto desenhado’, gesto em potência, de uma acção ou movimento. E é nessa relação do desenho como evidência de uma produtividade, de um movimento de um fazer específico, ou seja, de uma maneira de fazer, que surge o projecto IMPERMANÊNCIAS em que o desenho é dado a conhecer como proposta de um espaço e/ou estado (tempo) de especulação sobre maneiras de fazer que, nesse sentido, apontam para uma certa resistência à ‘totalização da forma.’ E é nesse estado tambem que se pretende que o espectador vá ao encontro do desenho, nessa situação que torna presente esse relação espaço-tempo em aberto onde essas ‘maneiras de fazer’ convidam a uma maior intimidade com o espectador, propondo ainda esse espaço-tempo como lugar de presença mútua.
Se por um lado, durante a residência cada artista irá negociando e materializando a evidência dessa produtividade durante o desenrolar do seu trabalho, apontando e revelando gestos que especulam, possibilidades de estados ou formas, modos de pensar que se revelam como modos de fazer específicos; por outro lado, nas carruagens do Metropolitano tornadas galerias, a questão da impermanência ainda se torna mais óbvia, dado que o espaço expositivo é um lugar de circulação não fixo, onde para além do movimento físico e temporal do espaço expositivo e dos trabalhos, tambem o espectador, que neste caso não aparece na posição de espectador mas de viajante, vai ao encontro dos desenhos ao acaso, e nesse confronto partilha um espaço onde se dá de facto uma abertura a uma relação atípitca em movimento, caracterizada por vários estados de impermanência. As carruagem do Metropolitano que não são assumidas institucionalmente como locais expositivos, mas como espaço de circulação e não de contemplação, e onde ainda assim se propõe aqui este confronto; um permanente estado de itinerância do espaço expositivo e dos próprios trabalhos que lhes preserva uma presença ‘em movimento’; o espaço transformado no interior da carruagem-galeria cujos desenhos poderão estabelecer ou potenciar os tais possíveis encontros atípicos com os viajantes, dentro dos limites dos seus tempos e espaços de circulação.
Daniel Barroca propõe pequenos textos que confrontam ‘um observador que não decidiu ir ao encontro da obra mas que por acaso a encontra’; Daniel Melim propõe uma colectiva fictícia, através de uma série de cartazes que ‘acordam a atenção para determinados pormenores urbanos conferindo-lhes um potencial estético mas tambem crítico;’ Martinha Maia insiste no uso da ‘máteria para a impressão e repetição de um gesto no desenho como primeira forma de consciência’; Raquel Feliciano propõe um conjunto de aguarelas inspiradas no cinanómetro (instrumento inventado no séc. XVIII por De Sassurre para medir a intensidade do azul do céu) que desenham um espectro do azul do céu, ou, como refere a artista – do ‘ar infinito;’ Colocando uma problemática em torno do conceito ‘impermanências’ versus ‘permanências’, Sílvia Simões usa conceitos como ‘resistência,’ ‘comparência,’ ‘transferência,’ ‘incongruência,’ ‘persistência’ e ‘irreverência’, para abrir o seu trabalho a um campo de ‘ampliações, ecos e contaminações que provocam um desvio da chegada cujo resultado só se esgota no tempo de realização;’ Susana Gaudêncio mapeia um conjunto de pensamentos utópicos num trabalho que intitula de Câmara de invenções propondo estabelecer ‘uma analogia entre o processo imaginado de novas utopias através de um método de acumulação, sobreposição e alteração de informação.’
Teresa Carneiro
[1] Nancy, Jean-Luc (2007), Le plaisir au dessin, Paris: Éditions Hazan e Lyon: Musée de Beaux-Art de Lyon
FESTIVAL INTERFERÊNCIAS
A partir deste mês de Novembro a cidade de Lisboa acolhe a primeira edição do INTERFERÊNCIAS – Mostra Pública de Arte, uma intromissão no quotidiano da população, que pretende levar ao grande público arte contemporânea através da apropriação de espaços públicos / “não-lugares “ e meios associados à comunicação de massas. O evento assume, por isso, um carácter generalista, gratuito e massivo.
A iniciativa envolve os interfaces de transportes públicos e as estações de Metro, mupis e outdoors das cidades. Os centros comerciais, parques de estacionamento e páginas de jornais são acções previstas para a segunda edição.
INTERFERÊNCIAS apresenta uma programação que, para além de uma mostra de videoarte no
circuito televisivo MOP TV (Metropolitano de Lisboa), inclui um vasto conjunto de intervenções artísticas de que fazem partem, entre outras, uma grande exposição colectiva de artes visuais (fotografia e desenho) patente em outdoors e mupis, com alguns dos mais destacados artistas plásticos e com comissariado a cargo de Teresa Carneiro (Espaços do Desenho – Fábrica Braço de Prata) e Valter Vinagre (Kameraphoto – http://www.kameraphoto.com). Destaque ainda para uma exposição de ilustração patente no Município de Lisboa, em co-produção com a revista digital online Magnética Magazine.
INTERFERÊNCIAS é uma iniciativa da Associação Número – Arte e Cultura com a Associação P28, e conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, Metropolitano de Lisboa, Multimédia Outdoors Portugal, Universidade Lusíada, BES Arte & Finança, EPSON, Pampero, Magnética Magazine, Don’t Panic, Espaços do Desenho e Kameraphoto.
www.interferencias.org
www.28comunicacao.com
CVs